Material disponibilizado pelo site Domínio Público, de autoria de Vivian Steinberg e da Profa. Dra. Maria Helena Nery Garcez na área de Literatura. “Este trabalho tem como objeto a investigação da poética de Sophia de Mello Breyner Andresen através da série No Poema, sétima parte do livro Geografia (1967). A poeta joga com a crosta terrestre e a crosta da linguagem. Notamos elementos comuns entre sua poética e a de seus pares, por exemplo: a poeta denuncia a morte dos deuses e a crise da linguagem, há o desaparecimento elocutório do sujeito, o silêncio está presente como elemento da criação, a poeta persegue o “ostinato rigore” que Paul Valéry retomou. A poesia de Sophia tem pontos coincidentes com a de Hölderlin, enquanto poeta que vê a linguagem como casa do ser, com a de João Cabral, o “ostinato rigore”, o silêncio como elemento da criação poética e o desaparecimento do sujeito depois da criação, com a de Francis Ponge, o gosto pelo concreto, por nomear precisamente os objetos, com a de Paul Celan, a síntese, com a de Fernando Pessoa, o paradigma da tradição literária portuguesa moderna”.