Fabricante: Unitron Eletrônica
Ano: 1982
Unitron
História
Em plena vigência da Política Nacional de Informática (que proibia a fabricação e importação de microcomputadores estrangeiros em território brasileiro, para incentivar a produção local), a Unitron Eletrônica, fabricante de um dos primeiros clones nacionais do Apple II, o Unitron AP II, embarcou numa aventura ambiciosa: clonar o “top de linha” da Apple Computer, o microcomputador Macintosh.
A idéia original era simplesmente licenciar a fabricação da máquina no Brasil, mas, por força da Lei de Informática, que limitava a participação acionária de empresas estrangeiras em projetos desenvolvidos no país, o acordo não foi adiante e o uso de engenharia reversa para desvendar os segredos do Mac acabou sendo encarado como uma solução natural. Em junho de 1985, um grupo de engenheiros contratados pela Unitron começou a analisar o funcionamento dos CIs ASIC do Mac através de engenharia reversa. Os resultados obtidos foram utilizados para a produção de CIs produzidos por encomenda que reproduziam o funcionamento dos circuitos originais.
Portanto, em novembro de 1985 a Unitron apresentou à Secretaria Especial de Informática (SEI) um projeto visando a produzir um clone do Macintosh. Obteve uma linha de crédito bancária, o apoio de um laboratório governamental (o CTI — Centro de Tecnologia da Informação) e os serviços de desenvolvimento de chips ASIC da National Semiconductor de Santa Clara, Califórnia. Neste mesmo ano, dois protótipos foram exibidos na Feira Nacional de Informática, no stand da Unitron. Como o projeto havia começado havia pouquíssimo tempo, suspeita-se que uma das máquina exibida ao público (de uma distância segura), e que executava vários programas para o Macintosh, era na verdade um Mac original, e não um clone. A outra máquina, desligada e aberta para que suas partes internas pudessem ser vistas, provavelmente era mesmo um protótipo.
Em 1986, na mesma Feira Nacional de Informática, a Unitron exibiu mais de seis protótipos, e parecia óbvio que realmente haviam conseguido reproduzir o Mac por engenharia reversa. Na época, a Unitron queixava-se de que a SEI estava dificultando a importação dos drives de 3″ 1/2 e pretendia que em vez deles, fossem usados os obsoletos drives de 5″ 1/4 fabricados no Brasil. A Unitron recusou-se a acatar a orientação e decidiu ela mesma fabricar os acionadores de disquete, uma verdadeira proeza para uma empresa da periferia paulista com menos de 100 empregados.
Em 1987, a Apple Computer decidiu que a história já havia ido longe demais e resolveu retaliar. Dois Mac 512 (obtidos não se sabe bem como) foram levados para a sede da empresa, em Cupertino e desmontados para estudo. Descobriu-se então que a ROM do equipamento, ao contrário do que dizia a Unitron, não havia sido obtida por engenharia reversa, mas meramente copiada de uma ROM original, com alguns poucos bytes alterados. Outros afirmam que a ROM era realmente uma ROM genuína de um Macintosh, e que a máquina levada para Cupertino era um protótipo inicial, com uma ROM original para teste de compatibilidade.[3] Seja lá como for, a violação dos direitos autorais do software (contido na ROM) deu a Apple um forte argumento para fazer com que o governo dos Estados Unidos se posicionasse contra uma empresa “pirata”.
Por pressão do Departamento de Estado, que ameaçou impor barreiras aos produtos de exportação brasileiros (particularmente suco de laranja e sapatos) o governo do Brasil aprovou em 18 de dezembro de 1987 uma nova “Lei de Software”. A aprovação do projeto da Unitron ficou dependendo da apresentação de mais informações técnicas. Finalmente, em 21 de março de 1988, a SEI indeferiu definitivamente o projeto do Mac, alegando que “a Unitron havia começado a comercialização do produto antes de sua aprovação final”.
A Unitron não desistiu, apesar das dificuldades crescentes. Em 29 de março de 1988 a empresa deu entrada num novo projeto, de um micro que seria denominado Unitron 1024. Em 1 de agosto de 1988, a SEI indeferiu o projeto da Unitron alegando “deficiências técnicas”. A empresa recorreu à instãncia superior e perdeu. Após sofrer a última derrota, em 19 de dezembro de 1988, a Unitron chegou a anunciar que abriria uma ação judicial contra a decisão, mas não teve como levar o caso adiante. A Unitron então passou por um processo de redução dos quadros e focou na criação de produtos menos sofisticados, como um controlador de palco baseado em um clone do Apple II, enquanto ainda paga o empréstimo que fez para desenvolver o clone do Macintosh.
Unitron AP II
O Unitron AP II foi um dos primeiros clones brasileiros do Apple II, produzido pela empresa Unitron Eletrônica a partir de 1982. Em 1984, foi sucedido pelo Unitron AP II TI (“Teclado Inteligente”), que possuía um teclado com caixa baixa e a capacidade de acentuar os caracteres da língua portuguesa.
Características do produto
• Teclado: mecânico, 52 teclas
• Display:
o 24 X 40 texto
o 24 X 80 texto (com placa de 80 colunas)
o 40 X 48 com 16 cores
o 280 X 192 com seis cores
• Expansão:
o 8 slots internos
• Portas:
o 1 saída para monitor de vídeo
• Armazenamento:
o Gravador de cassetes a 1200 bauds
o Drive de disquete externo de 8″ ou 5″ 1/4 (face simples, 143 Kb)
o Disco rígido de 5 MiB
• Som:
o Alto-falante interno
http://www.versaozero.com/2009/04/21/uma-luz-sobre-a-reserva-de-mercado-de-informatica-brasileira/
http://universotangente.wordpress.com/2008/05/22/a-incrivel-historia-do-apple-brasileiro/
http://chester.blog.br/mac512-html
https://pt.wikipedia.org/wiki/Unitron_AP_II
http://sti.br.inter.net/elucas/5encontroapple/ap2a.jpg
https://pt.wikipedia.org/wiki/Unitron_Mac_512